Um grupo de arqueólogos encontrou um templo e um mural de cerca de 4 mil anos na província de Chiclayo, no norte do Peru, que pode remontar ao início da civilização nesta região, informou o líder da investigação, Walter Alva.
Segundo a datação realizada por radiocarbono no laboratório Beta de Miami, o santuário e o mural "têm 4 mil anos", revelou Alva em Chiclayo, 780 km ao norte de Lima.
"Trata-se de um novo elemento da pré-história andina e podemos ter descoberto o início da civilização na costa norte do Peru".
O templo, situado dentro de uma grande construção, tem uma escada central e uma grande sala, onde há um altar de culto ao fogo.
Alva revelou que os trabalhos começaram no início de 2007 e que após três meses encontraram um mural multicolor, em uma zona denominada Ventarrón.
No mural há uma figura que parece um veado, o que representaria o ritual de caça praticado pelos antigos habitantes do lugar. Há ainda alguns animais presos em uma rede que tentam escapar de seus captores.
O prédio que abriga o mural tem 50 metros de comprimento por 50 metros de largura, e suas paredes estão decoradas com pinturas em vermelho, branco e verde.
Alva afirma que o santuário tem especial significado para a ciência porque sua construção revela técnicas de edificação jamais registradas. Suas paredes foram levantadas com blocos de sedimentos argilosos trazidos, provavelmente, das margens de um rio próximo.
"O que surpreende são as técnicas de construção e seu desenho arquitetônico, além da existência de pinturas murais, que podem ser as mais antigas da América".
Alva também ficou surpreso com o fato de não haver imagens do período "Formativo", como felinos, serpentes e aves, o que apontaria uma tradição diferente. Também não existe qualquer elemento ligado ao mar, apesar de ser uma civilização costeira.
O templo corresponderia aos antepassados da civilização do "Senhor de Sipán", um rei pré-incaico que governou há 1.700 anos e foi achado em uma tumba quase intacta, coberto de ornamentos de ouro.
France Presse, em Lima
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